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Pelas curvas da Islândia numa experiência self-drive

Texto e fotos de Ivan Volpe

Desde que comecei a fotografar paisagens, a Islândia tornou-se o destino dos meus sonhos. Eu sempre soube que um dia estaria por lá para vislumbrar os encantos e cenários únicos deste país nórdico, bem como sentir na pele (ou sob os casacos) suas intempéries climáticas desafiadoras.

Durante muito tempo pesquisei junto com minha companheira as possibilidades de realizar este sonho, mas foi apenas no início de 2020 que conseguimos iniciar o planejamento da viagem que sempre nos inspirou. As dúvidas de um marinheiro de primeira viagem sobre um país do extremo norte do planeta podem ser inúmeras, como por exemplo os melhores locais para conhecer e fotografar, quais hotéis reservar, traslados, passeios, época do ano e clima, além de, claro, construir um roteiro que possa satisfazer seus desejos pelo tempo de permanência disponível. Foi então que entramos em contato com a Borealis, com quem eu já havia tido o enorme prazer de viajar focado em fotografia. Desde o início do contato com eles, já ficou bastante clara a tamanha experiência que tinham na Islândia e as diversas opções disponíveis para nossa viagem. Foi então que escolhemos um roteiro self-drive, onde alugaríamos um carro e seguiríamos por dez dias em busca das mais incríveis paisagens. Ainda que não fosse o principal objetivo desta viagem, a possibilidade de ver com meus próprios olhos e lentes o fenômeno da aurora boreal era um plus que poderia completar a realização deste sonho de expedição.

Após conversarmos bastante com a equipe da Borealis, acertamos os detalhes para dirigirmos por conta própria por quase toda a costa do país, o que foi uma decisão absolutamente certeira, posto que todos os principais pontos de interesse poderiam ser vistos e, graças às observações do roteiro e reservas da Borealis, revistos conforme nossa preferência.

Roteiro pronto, dicas de passagem e conexões, hotéis reservados, carro selecionado e lá estávamos nós, no início de março, chegando ao aeroporto de Keflavík. Nossa primeira parada foi a cidade de Borgarnes, já no caminho para a península de Snæfellsnes, local estratégico para acessar o extremo oeste do país. A começar pelo hotel, nossa experiência foi intensa, o frio era grande e os ventos arrasadores, tanto que algumas vezes tivemos que correr atrás de luvas e tocas arremessadas pela janela do carro sobre o gelo duro e escorregadio na calçada. No entanto, a receptividade dos islandeses chamou muito nossa atenção e isso só aumentaria nos próximos dias.

Seguimos por horas de estrada entre montanhas completamente cobertas de neve e gelo até encontrarmos estradas fechadas por conta da nevasca. Mesmo no fim do inverno na Islândia, o clima é imprevisível e muda drasticamente em questão de minutos. Não pudemos seguir adiante, mas logo encontramos o nosso segundo hotel. Pela versatilidade do roteiro desenhado pela Borealis, invertemos a ordem dos pontos de observação e logo visitamos o icônico monte Kirkjufell. Cachoeiras congeladas e uma tempestade de neve acabou por mostrar uma nova paisagem ali, muito diferente das fotos que encontramos na internet, o que foi sensacional, pois a neve e o gelo acabaram por construir cenários mais dramáticos e cheios de sentimentos novos para nós que, inclusive, nunca tínhamos visto a neve cair daquele jeito.

Em Snæfellsnes visitamos diversas cachoeiras, praias de pedra e a nostálgica “Black Church”. Adoramos conversar com os proprietários do hotel, que nos deram também muitas dicas.

De lá, percorremos o famoso “Golden Circle”, rota imperdível que abriga o parque nacional de Þingvellir, trilhas, gêiseres e a enorme cascata Gulfoss. Seguimos então para o sul do país, visitando mirantes maravilhosos, descobrindo as estradas da Islândia e nos divertindo muito. Nosso próximo hotel foi bem ao lado da cachoeira Skógafoss, uma localização perfeita. Lá fotografamos a linda queda d’água em diferentes horários, visitamos outras cachoeiras e praias, bem como diversos pontos cruciais para fotógrafos. Aproveitamos a ótima localização e a versatilidade do roteiro para ver e rever os locais que mais nos agradaram. Foi ali que a oportunidade de assistirmos ao espetáculo da aurora boreal tornou-se possível. A meteorologia não estava tão favorável, mas uma pontinha de esperança surgia. Por outro lado, nas duas noites em que ficamos por ali, tivemos o prazer de ver apenas uma neve leve e delicada caindo do céu incessantemente, o que preencheu de romantismo e alegria este ponto da jornada.

Do sul da Islândia, seguimos para o leste, passando por cidadezinhas charmosas, experimentando uma ótima variedade gastronômica, recheada de opções vegetarianas e veganas, o que também nos satisfez muito, pois um dos nossos maiores receios era não encontrar estas opções por lá. Enfim, pudemos visitar o sudeste do país com suas paisagens de tirar o fôlego. Duas noites naquela região nos renderam muitas fotos, aventuras e cenários inimagináveis. Realizamos o sonho de conhecer a Diamond Beach e tocar em seus fragmentos de Iceberg, molhamos os pés na água congelante sobre a areia negra, fomos e voltamos diversas vezes da lagoa do glaciar para conferir seu movimento eterno e nos deleitamos ao vermos as renas passeando pela neve como se o frio nem existisse.

O clima parecia estar diferente nessas últimas noites no sudeste da Islândia. A neve deu lugar à chuva e o sol começou a aparecer tímido no céu, mas por mais que sua timidez não pudesse chegar a nos esquentar entre o gelo, o cenário que vimos na volta para o sul era completamente diferente do que apreciamos na ida. O gelo já estava recuando, a vegetação amarelada começava a se mostrar e pequenas lagoas se formavam próximas à estrada. Acabamos conhecendo uma nova Islândia neste retorno à região de Skógafoss e foi muito agradável sair do carro nos mirantes e observar a neve mais fina sob um céu azul sem fim. E não é que este céu azul acabou por nos presentear, em nossa última noite no sul da Islândia, com o espetáculo da aurora boreal bem em cima das nossas cabeças, numa apresentação que, sem sombra de dúvidas, jamais iremos esquecer. De tão abobados que ficamos com aquela dança solar vagarosa e radiante, acabamos nos distraindo com a fotografia. Esta ficou em segundo plano e sem resultados satisfatórios, mas em nossas memórias e corações, aquele momento em que o céu brilhou em tons de verde e lilás foi indescritível e emocionante, fechando com chave de ouro nossa expedição pelas áreas “selvagens” de um país tão rico e cheio de aventura.

Ao retornar para Reykjavik, já começamos a sentir saudades da Islândia, muito antes de a deixarmos. Saudades de sua culinária, suas peculiaridades e, quem diria, seu clima. Mesmo com aquela conhecida sensação quase triste de fim de viagem já batendo em nossos corpos, passeamos por dois dias pela charmosa cidade, andamos bastante, conversamos com moradores e comerciantes locais, rimos muito e ficamos satisfeitos com o que havíamos vivido naqueles últimos dez dias.

Visitar a Islândia em março foi uma experiência sensacional e emocionante que, graças a todo o apoio da Borealis, com seu roteiro perfeito e as dicas de quem conhece como ninguém a região, nos rendeu muito mais que lindas histórias e fotos, mas principalmente, momentos únicos em locais sem igual, que estarão vivos dentro de nós, pulsantes em nossas veias, chamando por mais uma visita ao Ártico que, acreditem ou não, já começamos a planejar.

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Ivan Volpe vive em Santo André, na Grande São Paulo. É fotógrafo profissional e designer gráfico, e tem como principal paixão a busca por novas experiências que resultem em boas fotos e muitas histórias para contar. Confira mais sobre o trabalho do Ivan no Instagram @ivanvolpephoto

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